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Objetos

"Alfineteiros"

O título traduz literalmente a identidade dos objetos apresentados.

Doze alfineteiros elaborados artesanalmente pela artista, configurados com inúmeros materiais de costura e bordado que sua avó Nair deixou de herança para a família.

Com exceção do tecido, todo o restante: fitas, linhas, contas, lantejoulas, bicos e rendas, fora da senhorinha.

O voal foi utilizado intencionalmente, por conta da sua transparência, desse modo, o volume constituído pelo material mencionado se tornaria visível.

Nas doze peças  estão dispostos 96 alfinetes, 

Ano: 2016

representando a idade com a qual, a tão querida, doce e amada vovó Nair encerrou sua passagem em vida.

"O que é saudade?"

Ano: 2016

Neste trabalho, a artista dispõe três paninhos que foram elaborados por sua avó, e neles, transcreve por meio de um bordado sem rigor técnico, versos do poema “O que é saudade?”, que encontra-se no caderninho de pensamentos de Nair, escrito por ela.

"Porta-memória"

De 1998 a 2005, a artista escreveu diários que narraram episódios de sua juventude - uma intimidade fragilizada.

Relendo esses registros, resgatou uma memória adormecida que ao mesmo tempo, despertava prazerosas e más recordações.

Entre o lembrar e o esquecer, na dúvida, Tanile não sabia se mantinha os escritos ou libertava-se de uma memória que a prendia ao passado.

Consciente do valor daqueles vestígios representou simultaneamente, o desapego e a conservação em seu trabalho.

Ano: 2011

Após a releitura dos cadernos, destacou todas as páginas, cortou-as pacientemente em pedaços e decidiu elevar essa memória fragmentada a um status de jóia, potencializando a preciosidade do seu conteúdo.

"Porta-memória" foi premiada no Salão Regional de Artes Visuais - 2011, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, com edição na cidade de Porto Seguro/BA.

"Pós-lágrimas I"

Ano: 2011

A ideia da artista era: projetar a imagem de seus olhos inflamados, chorosos, em lenços brancos (objeto primordial no sentido de enxugar as lágrimas).

Uma vez o trabalho pensado, o próximo passo era aguardar o momento pontual. A ação não podia ser forçada e precisava ter ligação com o amor fragilizado, caso contrário, sairia do propósito.

E assim aconteceu.

Após algumas semanas, por conta do sentimento violado, a artista em prantos fotografou seus olhos lacrimosos.

"Pós-lágrimas II"

Ano: 2011

Esse trabalho segue o mesmo raciocínio de "Pós-lágrimas I", abaixo.

"Monólogo"

Ano: 2008

O conceito principal de “Monólogo” era propor outro significado ao objeto, sugerir um novo papel à máquina de datilografar que pertence a família da artista há mais de quarenta anos, em um processo de rememoração.

A máquina tornou-se personagem e descreveu suas angústias através de uma carta datilografada por ela própria:

 

"Poxa, eu era tão querida...

Estão esquecendo de mim...

Me trocaram pelo sexo oposto, um tal de computador. O cara é todo metido a besta. Troca de visual como troca de cueca.

Eu não guardo minhas idéias num treco chamado agadê...

Não preciso de um cabo enfiado no meu traseiro para funcionar.

Sou poderosa meu bem... tenho energia própria.

Dizem que esse fulano entra em contato com o mundo todo, mas, as cartas que escrevo também podem chegar nos quatro cantos do mundo. Inclusive, traduzo uma emoção, que ele desconhece...

Sinto falta dos dedos alheios que me acariciavam.

Como é que chamam de coroa, uma mulher linda e gostosa como eu??

Só tenho 34 anos...

Estou um pouco enferrujada, mas nada como um carinho especial.

Pera aí...E você??

Me leva pra sua casa, cuida de mim, me chama de denguinho...

Prometo escrever 10 cartas de amor por dia e se ainda achar pouco... duplico, triplico, quadruplico...

Só quero que me tenha do seu lado e que nunca me apague da sua memória.

 

Um beijo da sua amada,

Máquina de datilografar"

 

No período em que foi apresentada ao publico, alguns visitantes interagiram com a obra e datilografaram o que lhes convinha como “eu estive aqui” ou “máquina de escrever n tem word, desculpa”, uns assinaram e outros apenas manipularam as teclas, talvez na simples intenção de viver a experiência, de tocar e checar as possibilidades do instrumento.

A carta escrita pela máquina, destacada acima, resultou numa inusitada sobreposição de caracteres.

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