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"À minha querida..."

Cartas originais da década de 30, escritas por seu avô Oswaldo, remetidas à sua avó Nair, no período em que estavam noivos. 

Nas duas correspondências abertas pode-se notar a cumplicidade que havia entre os dois. Em uma delas, Oswaldo escreve durante sua estadia em um sanatório, muito doente. Ainda assim, demonstra a segurança que tinha perante o romance e à sua amada: "Espero que se divirta muito pelo Carnaval e não se preocupe a meu respeito, pois deves confiar em mim, da maneira em que confio em você".

Instalações

"Entre eu e ela"

Desde seu nascimento até seus 22 anos, Tanile dormia no mesmo quarto que sua avó Nair. Entre suas camas repousava uma mesinha de cabeçeira, testemunha silenciosa da relação entre as duas.

Na instalação, o móvel é coberto por uma das várias toalhinhas feitas pelas mãos de Dona Nair, e sobre a mesa, uma caixinha de madeira que pertencia à sua avó, na qual objetos pessoais eram preservados.

Herdada pela artista, a caixa potencializa a ligação afetiva que tinha com sua avó.

"Versos Velados"

Um das prendas de Dona Nair - a avó da artista -, senão a maior, era o bordado. E a figura de uma dama de chapéu e vestido longo no jardim florido era usada com frequência em sua criação. Para tanto, Nair tinha um método: desenhava a personagem com caneta esferográfica (em sua maioria) ou a lápis sobre papel de seda, para então, transferir os traços no tecido destinado.

Partindo do desenho original, Tanile reproduz a moça no jardim em dez unidades, mantendo o uso do mesmo material utilizado por sua avó. Na saia do vestido, a artista escolheu  e  escreveu  versos  de  03 poemas

Ano: 2016

Ano: 2016

Ano: 2016

escritos por sua avó em seu caderninho de pensamentos. Para não abrir completamente a intimidade de Dona Nair, velou com parafina, trechos dos versos, oferecendo assim, a curiosidade ao observador, que por sua vez, acaba se tornando uma espécie de voyeur - no sentido do prazer em observar sua intimidade poética.

"Acesso Restrito"

Na seção "Objetos" deste portfólio, pode-se observar o trabalho "Porta-memória" - o primeiro a ser criado utilizando os fragmentos de diários da artista.

Em desdobramento, Tanile gerou a obra "Acesso Restrito".

Formada por blocos, a instalação é manipulável e o observador, caso deseje, pode curiar os recortes de seus cadernos documentais.

Assim, a artista compartilha com o outro suas lembranças e testemunhos, embora em pedaços.

"Substantivos Velados"

A instalação se constitui por placas de vidro, que simbolizam a fragilidade dos vínculos amorosos. Sobrepostas às placas, palavras/substantivos negativas (dor, ilusão, mágoa, angústia, ...) cobertas com gotejos de parafina até atingir a elegibilidade.

O sentido do trabalho foi velar, deixar de consagrar substantivos que trazem tristeza.

 

 

*Esta obra faz parte da Coleção Particular de Josemar Antonio.

"Ao merecedor"

Projetado sob uma luz potente, o pedestal, visualizado a certa distância, alcançava a imagem de um altar, como se o ‘merecedor’ da carta – objeto principal da instalação – fosse aquele que levasse a artista ao casamento.

Dentro do envelope elaborado por uma técnica de origami, uma medalhinha de Santo Antônio de Pádua (famoso por operar nas causas do coração) acompanhava o texto.

O papel utilizado na confecção tanto da carta quanto do envelope foi o vegetal, por conta de sua transparência, suscitando uma membrana misteriosa e delicada.

 

"Conselhos imperativos para futuros amantes"

As cartas que compõem esta instalação possuem a mesma configuração da obra “Ao merecedor”. Porém, desta vez, inspiradas pelo longa-metragem “Cartas para Julieta” (2010), dirigido pelo cineasta norte-americano Gary Winick (1961-2011).

Cartas, bilhetes e recados são aderidos nos muros que envolvem a casa de Julieta Capuleto, do romance “Romeu e Julieta”, criado pelo poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616). Nos textos, desabafos são compartilhados, desejos são firmados e conselhos suplicados,

"Apagados"

Em cinco placas, a artista escreveu o nome de cinco rapazes com os quais se envolveu por curto tempo e uma vez a escrita finalizada, removeu as identidades com flanela branca banhada no álcool etílico, fazendo-os desaparecer.

Apesar de apagados, eles permaneciam ali, por meio da mancha/borrão produzida pela remoção dos nomes.

O formato da placa sugeriu a importância que eles tiveram em sua vida: mínima.

Na ponta de cada flanela bordou o ano referente aos envolvimentos.

Ano: 2012

Ano: 2012

Ano: 2012

Ano: 2012

Ano: 2012

As cartas foram fechadas com lacre de parafina, simulando a forma com a qual, em tempos remotos, as famílias nobres vedavam suas correspondências. No texto da carta, com data indefinida, constavam as palavras:

 

"Fez-se necessária a rejeição, a decepção, a perda. Aliás, que perda? Não perdi nada. Nada foi meu... Entreguei-me por inteiro, me doei sem medo ou pudor. Fui tola, me iludi e sofri. Derramei lágrimas, solucei de dor. Até que descobri a malícia. A menina virou mulher. Amar-se primeiro, para então amar o outro. Porém, há ainda bastante a aprender, viver... E tudo isso me levará a você. Um grande cheiro daquela que será sua e somente sua, porque você fez por merecer...

                                                                                                                                                                                                                            Tanile Maria

                                                                                                                                                                                                                             xx/xx/xxxx".

por milhares de pessoas oriundas dos quatro cantos do mundo (em sua maioria, mulheres). Dez mulheres nomeadas de “secretárias de Julieta” se propuseram a responder todas as cartas que possuíam endereço, de modo a aconselhar seus destinatários. Tanile resolveu aconselhar seus próprios futuros amantes/amores e nas cartas deixo-lhes frases em constante repetição: “Olhe nos meus olhos”, “Respeite-me”, “Dê-me prazer”, “Cuide de mim” e “Liberte-me”.

Assim como em “Ao merecedor”, acrescentou em cada envelope símbolos de crença: um mini terço dourado com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, um pingente de cobre com a imagem estilizada de Nossa Senhora de Aparecida, a medalhinha da Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, uma figa de pedra coral, e duas moedas douradas, representando a lenda de que quando se faz um pedido com fé e joga uma moeda em determinada fonte, o rogo torna-se realidade.

As estolas foram dispostas na cor vermelha, importando o aspecto do sacrifício, da submissão sutil à qual os amantes/amores se prestariam, no sentido de atender aos conselhos.

"Despedida"

A delicadeza da configuração formal e em paralelo a força da função do Grampo C, preencheram o conceito do trabalho, potencializando o link entre delicadeza e dor.

A ação de prender, apertar, comprimir, pressionar, machucar, ferir, ligava-se diretamente ao sentimento gerado pelo término de um vínculo amoroso.

O fim do relacionamento se consolidou com um e-mail seco, objetivo e frio, que a artista recebeu do rapaz. 

As palavras que compuseram aquele texto virtual foram impressas em tamanho ampliado,  cortadas  letra  por  letra  e  estas,

Ano: 2011

"Você afasta e eu aproximo"

Ano: 2011

"Você afasta e eu aproximo" é uma reação poética à um relacionamento não correspondido, vivido no ano de sua execução.

A instalação foi composta pela simulação de duas janelas, uma vez que, o romance mal sucedido foi com um vizinho da artista.

Uma planta baixa foi adaptada sob o vidro de cada "janela", representando a aproximação de suas residências.

Sobre o vidro, a artista transcreveu torpedos (sms) trocados pelos dois. Essas mensagens eletrônicas eram o meio de comunicação mais  frequente  e  foram índice

"Longe dos olhos, perto do coração"

Ano: 2010

Em 2010, sua avó Nair ainda era viva, com corpo e mente sãos. Neste ano, deparou-se com um acervo enorme da história dela e também, do amor mútuo entre ela e Oswaldo.As peças que compõem a instalação "Longe dos olhos, perto do coração" são: um retrato original do casamento dos dois, o caderno de pensamentos de Oswaldo com lindos poemas escritos por ele, uma caixinha de metal com retratos do casal e a primeira carta em resposta à de seu amado, datada de 10 de março de 1936. No vidro da moldura, a artista retratou sua avó quando jovem.

de expectativa, ansiedade, euforia e desapontamento. Sobreposta às anotações que mais pareciam desenhos, uma cortina branca de voal tendia a revelar/ocultar a parte textual pela transparência característica do tecido.

sobrepostas, encaixavam-se nos grampos a fim de receber a tortura que as ferramentas promoviam, no sentido de tentar anular a dor.

"Lágrimas: palavras em silêncio"

Ano: 2013

Quando temos muito a dizer e as palavras nos faltam, ou uma avalanche delas, prestes a sair pela boca, é controlada pelo silêncio, que por vezes, diz mais do que um discurso verbal.

Quando a escolha é mantê-las mudas, tendemos a sufocar e por ausência de ar, são expulsas pelos olhos, em gotas levemente salgadas.

Esta mínima e delicada instalação representa por meio dos gotejos de parafina, as lágrimas, que quase sempre são palavras em silêncio.

"No calendário"

Ano: 2013

Nesta obra, a artista apresenta o histórico de encontros de um relacionamento iniciado em novembro de 2012, prolongado até abril do ano seguinte.

Cada unidade do trabalho representa uma data e um local onde compartilharam momentos.

Sob a película impressa, uma placa de espelho recortado no formato em que se configurava o mês no calendário, e sobre ele, a data escrita à mão.

As imagens projetadas nas transparências são os locais dos encontros, via vista aérea, extraídos do Google Earth.

Três pares de olhos traduzem o sentimento de três pessoas envolvidas em um triângulo amoroso, do qual o final, já é de se supor.

Na parede, cada fileira horizontal representa um mês de modo cronológico (na leitura de cima para baixo). Ou seja, na primeira: mês de novembro/2012 - oito encontros. Na segunda: mês de dezembro/2012 - dois encontros. E assim, sucessivamente.

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